Lição política da Primeira Dama

Reconhecido é não ser lá muito simpática a chamada Primeira Dama de São Paulo, a sra. Bia Doria. Falta-lhe, em especial, aquela que se tornou palavra da moda: empatia. E, por empatia, há que se entender a capacidade de união com o outro, de colocar-se no lugar dele, de sentir emoções semelhantes. Empatia carrega, em si, muito da compaixão. E, portanto, da solidariedade.
O fato é que, à falta de empatia, a sra.Bia Doria não consegue angariar simpatias. Mesmo porque lhe parece ser dificultoso escapar aos seus digamos que cacoetes elitistas. Assim, quando dá entrevistas e foge de temas a seu alcance, a Primeira Dama torna-se um complicador. Pelo menos, à pretensão do marido, João Doria, em revelar-se populista diferenciado.
A última entrevista da sra. Bia, dada ao UOL, é uma revelação sincera do universo político-social da Primeira Dama. E, portanto, do seu entorno. Ao referir-se à desastrada viagem do marido a Miami, saindo de férias quando São Paulo mergulhava em crise pandêmica assustadora, dona Bia foi categórica: “Ele precisava ir, estava muito estressado. E acho que deveria ir novamente.” Milhões desempregados, milhares de mortos pelo vírus assassino, a forme rondando sem número de famílias – e dona Bia ainda com Miami em seus sonhos.
E, então, a pedra de cal sobre qualquer hipótese de algo altivo sair daquela senhora: a sua opinião sobre o ex-capitão lá de Brasília. Dona Bia admite, sim, que votou nele. Mas revela que tinha conhecimento da incompetência do ex-capitão para dirigir o País. Ela sabia que não daria certo. Mesmo assim, votou nele: ”Por que eu não suporto o PT.” Ela, a mulher do governador e pretenso candidato à presidência da República, mostra como fanatismo, a ignorância ou o desprezo pelo voto – e, portanto, pelos destinos da nação – são males que, também, vem de cima.
Aliás, conheço senhoras, aqui mesmo em Piracicaba, que votaram num incompetente, num desconhecido por ojeriza ao PT. Isso é coisa de corintiano que, sempre e sempre, torce contra o Palmeiras. E não de eleitores conscientes e responsáveis. Especialmente quando se trata de uma Primeira Dama de um estado orgulhoso de ser o mais desenvolvido do país.