Entendendo a sabotagem à vacina
Com fanáticos e extremistas, não é possível qualquer diálogo. A razão não existe, algo próximo à insanidade. Ao profissional da imprensa, no entanto, não preocupa, um momento sequer, dirigir-se a eles. A esperança é de que alguém – pelo menos um leitor, que o seja – esteja de mente aberta para, pelo menos, dispor-se a pensar.
Redes sociais passaram a conter um dos mais letais venenos à população despercebida, tóxicos que atingem a alma. Perturbam, enganam, confundem, desnorteiam. E atentemos ao verbo desnortear: é perder o norte. Trata-se, portanto, de ficar no centro da encruzilhada sem saber para onde se dirigir. É perder o rumo, conhecer a impotência, sentir-se prisioneiro. A consequência desse desnorteio, dessa dependência é a angústia. E o mais perigoso que pode acontecer a um povo é a angústia coletiva. Pois, quando ocorre, a resposta é o desespero.
Extremistas tentam desmoralizar os meios de comunicação responsáveis. No entanto, são eles os poucos pontos referenciais que resistem. Por fim, a vacina chegou. Mas não é verdade: está chegando. Aos poucos, enquanto mortos se acumulam até mesmo em containers. O que, porém, aconteceu no Brasil com a bagunça e a irresponsabilidade governamental ao surgimento da pandemia? A resposta séria, analítica, completa, isenta chega-nos através de um dos mais importantes e dignos veículos de imprensa do País, na atualidade: a revista Piauí.
Através da árdua pesquisa da jornalista Malu Gaspar – reconhecidamente, uma das mais competentes da atualidade – é-nos apresentada uma radiografia completa da sabotagem oficial, deliberada, programada feita à vacinação dos brasileiros. Não há extremista – por mais fanático seja – capaz de negar os fatos. A leitura da sabotagem oficial é, em meu entender, fundamental para se entender a tragédia a que se levou o país. Insistirei até o fim: pior, muito pior do que a desinformação é a má informação. Ser informado, ter informações, este é um dos direitos primordiais do cidadão. Nesta hora agônica, porém, informar-se corretamente, mais do que um direito, passa a ser um dever. Pois o meu comportamento envolve o outro.
Ah! quase me esqueci. A turba fanática tentará enganar: “Piauí é uma revista comunista!” Pois sim. O fundador dela e um de seus principais editores chama-se João Moreira Salles. Ele é irmão de Walter Moreira Salles, o nosso premiadíssimo cineasta. João e Walter são dois dos quatro filhos de Walter Moreira Salles, poderoso banqueiro criador do Banco Moreira Salles, depois Unibanco, atualmente Unibanco-Itaú. Pedro – o irmão mais velho João da Piauí, e de Walter, o cineasta – tornou-se presidente do Conselho de Administração daquele banco. A verdade aparece. Bastam olhos de ver, ouvidos de ouvir. E honestidade para aceitá-la.
Cecílio Elias Netto
Jornalista e escritor